POR QUE ALGUMAS PESSOAS GOSTAM DE CONTEÚDOS VIOLENTOS?
O QUE A PSICOLOGIA, NEUROCIÊNCIA E PSICANÁLISE REVELAM SOBRE ESSA PREFERÊNCIA
O
consumo de conteúdos violentos, como filmes, videogames e documentários
que retratam violência extrema, pode dizer muito sobre a personalidade e
o estado mental de uma pessoa.
A capacidade de assistir a esse tipo de conteúdo sem demonstrar empatia pelas vítimas ou sentir desconforto pode ter explicações profundas na psicologia, neurociência e psicanálise.
Vamos explorar as razões por trás desse fenômeno e entender o que leva
certas pessoas a se sentirem atraídas por violência sem demonstrar
empatia.
A PSICOLOGIA DA FALTA DE EMPATIA E O HÁBITO DE CONSUMIR VIOLÊNCIA
Na
psicologia, a falta de empatia ao consumir conteúdos violentos pode
estar relacionada a transtornos de personalidade, como o transtorno de
personalidade antissocial.
Indivíduos que possuem traços de psicopatia, por exemplo, tendem a demonstrar pouca ou nenhuma empatia.
Para eles, a
violência pode ser encarada de forma fria, como algo comum ou até
interessante, sem que sintam culpa ou compaixão pelas vítimas.
Além
disso, o consumo repetido de violência pode dessensibilizar
emocionalmente as pessoas.
Pesquisas na área da psicologia
comportamental indicam que, quanto mais uma pessoa é exposta a cenas
violentas, menos ela reage emocionalmente. Esse fenômeno, conhecido como
"dessensibilização", reduz a sensibilidade a estímulos negativos e pode
gerar uma indiferença emocional.
A NEUROCIÊNCIA E O CÉREBRO DO CONSUMIDOR DE VIOLÊNCIA
Do
ponto de vista da neurociência, os estudos mostram que assistir a
violência frequente ativa áreas do cérebro relacionadas ao prazer, como o
núcleo accumbens, conhecido como o "centro de recompensa".
Isso explica por que algumas pessoas sentem uma sensação de excitação ou satisfação ao consumir esse tipo de conteúdo.
A liberação de dopamina no cérebro
cria uma sensação de bem-estar, que pode explicar por que elas procuram
constantemente esses estímulos.
Outro fator relevante é o sistema
límbico, que controla as emoções. Em alguns indivíduos, há uma
diminuição na resposta emocional às imagens perturbadoras, o que pode
indicar uma falha na conexão entre a amígdala (responsável por reações
de medo e empatia) e outras áreas do cérebro. Isso reduz a capacidade de
sentir medo ou desconforto ao assistir cenas violentas.
PSICANÁLISE: ATRAÇÃO PELO LADO SOMBRIO DA NATUREZA HUMANA
Na
psicanálise, Sigmund Freud abordou o conceito de pulsão de morte
(Thanatos), que reflete o desejo inconsciente de destruição e
autodestruição.
Para algumas pessoas, o fascínio por violência pode ser uma expressão dessa pulsão, uma maneira de externalizar fantasias agressivas reprimidas.
Além disso, Carl Jung sugeriu que a sombra — o
lado inconsciente da psique onde guardamos nossos desejos reprimidos,
como violência e agressão — pode ser projetada ao assistir a conteúdos
violentos, sem que a pessoa perceba sua própria identificação com o
material.
Em um contexto psicanalítico, aqueles que se sentem à
vontade com a violência podem estar expressando, de forma simbólica,
partes reprimidas de si mesmos.
Isso pode incluir desejos destrutivos ou
impulsos agressivos que não encontram espaço na vida consciente e se
manifestam em uma atração pelo sofrimento alheio.
COMPARAÇÕES COM OUTROS ESTILOS DE PERSONALIDADE E CONSUMO DE MÍDIA
Enquanto
algumas pessoas preferem consumir conteúdos violentos, outras são
sensíveis a isso e buscam conteúdos mais leves e emocionais, como filmes
românticos ou de comédia.
A diferença de reações pode estar ligada à
personalidade e ao desenvolvimento emocional de cada indivíduo.
Pessoas
mais empáticas e com forte desenvolvimento emocional tendem a evitar
conteúdos violentos, pois se identificam com as vítimas e experimentam
reações físicas e emocionais negativas ao assistir violência.
Já pessoas
com traços psicopáticos ou narcisistas podem encontrar prazer ou, no
mínimo, indiferença ao ver cenas de agressão, pois a empatia não é um
sentimento dominante em suas personalidades.
DICAS PARA LIDAR COM ATRAÇÃO POR CONTEÚDOS VIOLENTOS
1.
Autoconhecimento: Tente entender por que você se sente atraído por
esses conteúdos. Existe alguma emoção oculta que você está buscando
explorar ou evitar? A autoanálise pode ser útil para descobrir traços de
personalidade que explicam essa preferência.
2. Limite de
Exposição: Se você perceber que assistir a violência está
dessensibilizando suas emoções, considere reduzir o tempo dedicado a
esse tipo de mídia e alternar com conteúdos mais equilibrados.
3.
Desenvolva Empatia: Procure por conteúdos que desafiem suas emoções,
como histórias que exploram o lado humano das vítimas de violência. Isso
pode ajudar a fortalecer sua capacidade empática.
4. Procure
Ajuda Profissional: Se você sente que o consumo de violência está
afetando negativamente sua visão de mundo ou comportamento, buscar a
orientação de um psicólogo ou psicanalista pode ser essencial para
aprofundar a compreensão de suas motivações.
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FONTES:
Berkowitz, L. "Aggression: Its Causes, Consequences, and Control." McGraw-Hill Education, 1993.
Anderson,
C. A., & Bushman, B. J. "Effects of Violent Video Games on
Aggressive Behavior, Aggressive Cognition, Aggressive Affect,
Physiological Arousal, and Prosocial Behavior: A Meta-Analytic Review of
the Scientific Literature." Psychological Science, 2001.
Freud, Sigmund. "Além do Princípio do Prazer." 1920.
Jung, Carl. "Aion: Estudos sobre o Simbolismo do Si-mesmo." 1951.
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